Brasil
Este artigo visa identificar as relações entre a dinâmica regional da economia das charqueadas e o desenvolvimento da prática do futebol nas cidades de Pelotas e Rio Grande (RS). Pretende-se destacar a influência de países vizinhos, do capital industrial e da aristocracia no processo de formação de uma economia local e na própria difusão de práticas futebolísticas. Este esporte conheceu diferentes vias de introdução no Brasil que são explicadas, em parte, pelas relações econômicas estabelecidas com outros países. O Rio Grande do Sul apresenta algumas combinações que elucidam a disseminação pioneira do futebol, principalmente na região sul do estado. As cidades de Pelotas e Rio Grande formaram o maior polo econômico e demográfico da região sul do Brasil entre meados do século XIX e começo do XX, estabelecendo relações comerciais com os países do rio da Prata, atraindo imigrantes europeus e capital inglês. A cidade de Pelotas, localizada entre a Campanha gaúcha e o porto de Rio Grande, se tornou a capital da aristocracia do charque que financiou a emergência de novos espaços de sociabilidade como teatros, cafés e clubes. O futebol compreendido como uma prática europeia moderna é gradativamente incorporado pela elite pelotense. Neste mesmo sentido, é a economia do charque que torna o porto de Rio Grande no maior do Brasil meridional, atraindo investimentos estrangeiros nas atividades portuárias, fabris e em infraestrutura. A colônia inglesa da cidade se reunia em clubes e praticava o futebol, compartilhando-o também com os trabalhadores alemães. A atividade portuária em Rio Grande, as charqueadas na cidade de Pelotas e a influência platina são fatores que concorreram na formação dos primeiros clubes de futebol e ligas regionais no final do século XIX e inicio do XX. Assim, visando compreender as relações entre a dinâmica geográfica e histórica das cidades de Pelotas e Rio Grande com a dispersão do esporte bretão o texto recorrerá metodologicamente à revisão bibliográfica e documental.
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