O objetivo desse artigo é o propor uma outra leitura da vida do poeta Charles Baudelaire. De fato, a imagem do poeta das Flores do mal parece petrificada num discurso quase uníssono, presente em numerosas notas biográficas de traduções de grande circulação no Brasil, que faz eco ao ensaio de Ivan Junqueira, “A arte de Baudelaire” (1985). Ele afirma que o poeta, ainda criança, se revoltou com o segundo casamento da mãe, choque que marcou profundamente sua vida, que nunca se entendeu com o padrasto militar e seu meio-irmão, e que, depois de adulto, teria tido uma relação incestuosa com a mãe. Diante dessas afirmações, cuja argumentação se fundamenta sobretudo na correspondência do poeta, a proposta passa por um exame detalhado da formação daquela narrativa de vida. Nesse sentido, a tradução comentada de cartas deve, senão abalar aquele discurso, ao menos oferecer outra vereda para sua recepção biográfica.
The purpose of this article is to propose another reading of the life of the poet Charles Baudelaire. In fact, the image of the poet of the Flowers of Evil seems petrified in an almost unison speech, present in numerous biographical notes of translations of great circulation in Brazil, which echoes the essay by Ivan Junqueira, “The Art of Baudelaire” (1985). He affirms that the poet, as a child, was revolted with his mother’s second marriage, a shock that profoundly affected his life, which was never understood by his military stepfather and his half-brother, and who, as an adult, would have had an incestuous relationship with his mother. In the face of these statements, whose argument is based mainly on the correspondence of the poet, the proposal goes through a detailed examination of the formation of that narrative of life. In this sense, the commented translation of letters should, if not shake that discourse, at least offer another path for its biographical reception.
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