Fabiane Rodrigues Fonseca, Denise Machado Duran Gutierrez
O tema da maternidade de mulheres negras na região norte, suas vivências subjetivas e construção de vínculos afetivos com seus filhos constitui-se em grande lacuna na literatura científica. Apresentamos aqui resultados de um estudo que investigou essas questões relacionadas as experiências de maternidade, depressão e construção de vínculos mãe-bebê de mães negras em Manaus. Partiu-se de um duplo enfoque: de um lado considera-se a experiência subjetiva dessas mães no processo de tornar-se mãe; e, de outro, compreender-se a construção dessa subjetividade a partir dos marcos estabelecidos na sociocultura local e regional. Metodologicamente adotamos a perspectiva qualitativa com a técnica de Estudo de Caso a partir de entrevistas semi-estruturadas. Para análise de dados utilizamos a Análise de Conteúdo. Os resultados apontam para o fato que o processo tripartite que envolve a gravidez, parto e puerpério, precisa ser redimensionado, tomando cada um desses momentos como processos distintos e inter-relacionados, que envolvem um conjunto complexo e multidimensional de fatores internos e externos em relação. Questões críticas inerentes a cada um desses momentos se intensificam no caso das mulheres negras, pois no caso delas adicionam-se pressões relativas aos modos como a mulher negra é representada, vista na sociocultura e tratada socialmente, em especial dentro das instituições de saúde, mas também na família. Compreender as dinâmicas relacionais na família e os processos de subjetivação que se produzem nela, bem como a construção identitária das mulheres negras em diversos momentos de suas vivências, parece da maior importância uma vez que é nesse microcosmo social, das relações intrafamiliares que a cena da vida acontece em sua maior força.
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