Apesar da sua particularidade, por ser considerada Palavra de Deus, a Bíblia se apresenta como uma comunicação literária, concebida para perdurar e transmitir uma mensagem ao leitor. A partir desta concepção, a crítica literária, com metodologias e abordagens diferentes, tem sido aplicada ao texto bíblico e, com isso, favorecido a aproximação hermenêutica do leitor atual à mensagem do texto. Tal crítica considera as convenções literárias que dão forma ao texto (narração, poesia, carta), a sua perspectiva (retórica, pragmática, sapiencial, histórica) e a importância do contexto imediato (seção) e amplo (livro, carta), para a compreensão dos fragmentos. Este artigo, propõe uma análise retórico-pragmática de 2Cor 11,1-15, apoiada na Retórica de Aristóteles, com o objetivo de identificar as estratégias literárias usadas pelo autor, a partir do emprego de algumas emoções explicitas e implícitas. Estas estratégias visam promover uma mudança cognitiva nos seus destinatários e uma adesão mais convicta ao evangelho. Para isto, Paulo se expõe diretamente e propõe um horizonte reflexivo, cuja representação vai além das acusações que sofreu. A identificação das estratégias literárias faz parte da cooperação ativa à qual o leitor é convocado a atuar na leitura do texto.
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