Este artigo apresenta uma proposta para aqueles que, na contemporaneidade, gostariam de ler a Bíblia como literatura. Estuando as peculiaridades narrativas da história da negação de Pedro a Jesus segundo a versão do Evangelho de Lucas, damos uma passo a mais no desenvolvimento da ateologia bíblica, uma abordagem empenhada na análise literária que se apoia na laconicidade das narrativas bíblicas para criar novas leituras, que faz uso da filosofia materialista inspirada em Nietzsche e em Michel Onfray em sua crítica para evitar repetir as leituras canônicas e institucionais, que expõe a pluralidade de caminhos interpretativos possíveis para negar a produção dogmática que trabalha para engessar os sentidos. Partindo do conceito de Richard Rorty de cultura literária, o que aqui se faz é ler a Bíblia como uma inspiradora antologia da experiência humana, uma coletânea de fragmentos textuais que, dentre outras coisas, preserva algo da fé de antigas culturas, da arte desenvolvida por sujeitos históricos que, a seu modo, buscavam suas próprias verdades redentoras.
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