“ ( . . . ) Foi preciso perder-me, sentir a experiência radical de ter rompido minha identidade. ( . . . ) Esta é a experiência crucial do trabalho antropológico: a possibilidade de descentramento, a descoberta de que a experiência é uma tênue fronteira que separa a diferença da identificação. “São estas as palavras finais do trabalho de Rosine Perelberg: As Fronteiras do Silêncio. * O outro em relação a quem a autora experimenta o descentramento e o rompimento com sua própria identidade está constituído pelos agentes/atores mais próximos do louco internado: médicos-psiquiatras, sejam eles psicanalistas ou não, médicos residentes e médicos alunos do curso de especialização, psicólogos no papel de auxiliares psiquiátricos, enfermeiros, assistentes sociais e familiares. São eles que constituem os atores da trama das relações sociais que analisa. Contudo, o seu significado só existe enquanto atualizam as relações mais próximas ao louco são eles que designam a loucura e o seu tratamento. O outro privilegiado de Rosine é, assim, o louco. Não o louco diretamente, mas tal como representado pelos encarregados da instituição hospitalar e pelos familiares.
© 2001-2025 Fundación Dialnet · Todos los derechos reservados