No seu livro Os Pescadores do Golfo, recentemente publicado pela Achiamé, * o antropólogo George de Cerqueira Leite Zarur analisa aspectos da economia, da cultura e da sociedade norte-americanas, no contexto de uma comunidade de pescadores da Flórida. Nos primeiros capítulos do livro, o autor considera a questão da antropologia “ colonizada” , cuja lógica pretende inverter, ao estudar aquela sociedade. Sua proposta é de que os latino-americanos saiam da condição de “nativos típicos” a que têm sido fadados pela tradição antropológica, assumindo o papel de sujeito que empreende o estudo de sociedades desenvolvidas. Tal postura remete à questão do distanciamento que, tradicionalmente, tem visado marcar diferenças, assim como a uma temporalidade que tende a construir o objeto de estudo, o “outro” , como tecnológicamente menos avançado, “tradicional” , “primitivo” , muito religioso ou dependente (Pabian, 1983). Isso tem justificado que a “persona” do antropólogo seja vista como a daquele que “percorre as imensidões orientais em busca dos sentimentos de povos ermos” (Blecher, 1985).
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