A marca dos trabalhos sobre as relações entre os povos nativos dos espaços do continente americano hoje delimitados como território brasileiro e as organizações administrativas estabelecidas para lidar com eles tem sido a de um respeito canônico e imobilizador face a certas personagens e instituições. O receio de desnaturalizar a representação construída em tomo de pessoas e instituições que tomaram possível a sobrevivência de alguns grupos indígenas, que (segundo o argumento hegemônico) provavelmente teriam sido exterminados se deixados à própria sorte nos conflitos com a formação social conquistadora, tem constituído um impecílio à investigação propriamente sociológica desses agentes, e agências. Dadas as relações historicamente estabelecidas entre o saber etnológico e o "govemo dos índios", a iniciativa de pesquisar sócio-etnográfica e historicamente os principais elementos e processos constitutivos de uma certa forma de poder estatizado, o exercido pelo SPI sobre os indígenas, soa como "lavar roupa suja em público”.
© 2001-2024 Fundación Dialnet · Todos los derechos reservados