Um sugestivo artigo de Alcida Ramos (1987) mostra como diferentes autores — no caso, Napoleon Chagnon, Jacques Lizot e Bruce Albert — conduzidos por orientações teóricas distintas, mas também por suas idiossincrasias, podem oferecer imagens etnográficas bastante divergentes de um mesmo povo — no caso, os ianomâmis. Lembrei-me desse artigo ao fazer a leitura de dois livros recentemente publicados, um por Kenneth Kensinger e outro por Philippe Erikson, que, apesar de tratarem de grupos similares quanto à lingua e à cultura, diferem entre si profundamente. Kensinger reuniu e adaptou, num volume de 25 capítulos, artigos seus já publicados, ou pelo menos lidos em congressos, desde 1973, referentes aos índios caxinauas do Peru. Já o livro de Erikson* é basicamente sua tese de doutorado em Nanterre sobre os índios matis. Esses dois grupos indígenas falantes de línguas da família pano, do sudoeste da Amazônia, têm ambos representantes, os matis de modo exclusivo, no Brasil1.
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