Neste artigo, debruço-me sobre dados etnográficos obtidos em diversas favelas cariocas para discutir a dimensão de insulto moral que determinadas práticas conduzidas por traficantes e policiais adquirem para os moradores dessas áreas. Suas narrativas permitem ir além na reflexão sobre como certas categorias recorrentemente empregadas pelos moradores de favelas dão acesso à teia de significados que revelam visões de mundo centrais para compreender o que está em jogo quando essas pessoas falam das suas experiências. Tomar as categorias locais e os contextos nos quais elas surgem como objeto de análise permite-nos vislumbrar determinados episódios e comportamentos que são apontados como problemáticos, pois são experimentados pelos moradores como gestos de desconsideração, uma ofensa à dignidade de determinado “tipo de pessoa” que vive nas favelas.
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