Esta resenha apresenta o livro A educação de pessoas com deficiência no Brasil: políticas e práticas de governamento, publicado em 2017, pelas autoras Adriana da Silva Thoma e Graciele Marjana Kraemer. A obra mostra que a inclusão escolar de pessoas com deficiência na história brasileira é apresentada em três contextos: a inclusão como reclusão; a inclusão como integração e a inclusão como um direito e imperativo de Estado. A obra, amparada teoricamente em Michel Foucault, evidencia que cada sociedade possui os seus atos discursivos, o seu conjunto de enunciados e o seu próprio regime de verdade. As “verdades” de cada tempo histórico definiram práticas de Institucionalização; de integração educacional de pessoas com deficiência e, a partir da década de 1990, de Inclusão como direito e imperativo de Estado. O livro apresenta o cenário das políticas de inclusão vigentes no Brasil desde o início do século XX até os dias atuais. Thoma e Kraemer publicam, nesta obra, pesquisas que analisam políticas educacionais, experiências e processos de formação de professores, relacionados aos temas da identidade e da diferença. As noções desenvolvidas por Michel Foucault: governamentalidade/governamento, discurso, subjetivação e in/exclusão são usadas pelas autoras para analisar dados produzidos pelas políticas educacionais para a inclusão, e entrevistas narrativas com professores e alunos. Também as noções de Zygmund Bauman: modernidade sólida e modernidade líquida; ordem e ambivalência; in/exclusão dos estranhos na era do consumo contribuem para o processo analítico das pesquisas. Os estudos evidenciam que na contemporaneidade o Estado adota estratégias neoliberais para gerenciamento e redução dos riscos produzidos pela exclusão social, com vistas à segurança da população. O livro nos ajuda a compreender que a inclusão, na perspectiva do Estado, opera com poderosas tecnologias de dominação e submete as pessoas com deficiência a práticas de normalização. O texto nos mostra a complexidade da inclusão e a necessária continuidade dos investimentos para modificar práticas culturais e formas de vida, com vistas ao reconhecimento da diferença.
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