Este texto foi inspirado em uma vivência cotidiana em escola pública da rede estadual de educação do Estado de Santa Catarina (Brasil), a partir do diálogo de professores, frente ao receio da interação escolar com pessoas com deficiência, que frequentam um Centro de Atendimento Especializado. O estudo objetivou analisar um conjunto de manifestações docentes sobre a aproximação com pessoas com deficiência no contexto escolar. O problema de pesquisa assim se constitui: como as narrativas sobre pessoas com deficiência evidenciam subjetivações sobre a diferença na escola? Do problema de pesquisa derivaram as seguintes perguntas de estudo: Como os professores reagem frente ao receio da presença de pessoas com deficiência na escola? As políticas brasileiras de inclusão são incorporadas pelos professores da educação básica? Como as marcas históricas da institucionalização de pessoas com deficiência reverberam nos discursos docentes na contemporaneidade? A motivação para o trabalho advém da inquietação frente aos paradoxos de tempos em que as políticas brasileiras de educação inclusiva ganham espaço e determinam a escola para todos, por meio da obrigatoriedade da matrícula dos estudantes de quatro a dezessete anos na escola regular e, ao mesmo tempo, nos contextos educacionais, ainda persistem posturas de resistência e negação. O estudo evidenciou que perspectivas de exclusão, de segregação, de classificação e de aceitação como benevolência, constituem posicionamentos docentes ainda na contemporaneidade. Para compreender concepções e práticas escolares foram adotadas, especialmente, as noções de discurso, verdade e subjetivação desenvolvidas por Michel Foucault. Com base em Theodor Adorno, o destaque é para a epistemologia do ocidente, que pelo princípio da identidade difunde a violência ao não idêntico. Dessa forma, as sombras de Auschwitz ainda rodeiam e ameaçam as sociedades. O estudo não tem a pretensão de julgar os professores que manifestam suas concepções em relação à deficiência, mas evidenciar como a diferença ainda é compreendida como algo desviante, que contamina a pretensa homogeneidade nas escolas.
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