Sesmarias em palmares: notas iniciais de pesquisa

• Autores: Felipe Aguiar Damasceno
• Localización: Ars Historica, ISSN-e 2178-244X, Nº. Extra 1, 2015 (Ejemplar dedicado a: Anais da IX Jornada de Estudos Historicos profesor Manoel Salgado), págs. 48-61
• Idioma: portugués
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    Through centuries, much has been written about the famous episode of the Quilombo dos Palmares. Analyzes of all kinds attempted to account for elucidating the tangle of events that characterized so long a phenomenon (c.1600 - c.1716). However, very little has been written about what some authors have identified as the main reason for the continuing war against the maroons of the Serra da Barriga, in the captaincy of Pernambuco: territorial occupation and the incorporation of the lands occupied by the maroons to the effective jurisdiction of the Portuguese Crown through the sesmarias system. Around 1678, amid a failed peace agreement between maroon leaders and the governor of the captaincy, several parcels of land were granted as sesmarias of various sizes, in the area where the communities of blacks were still resisting. Many of the recipients include military officers who joined the war effort. This short essay seeks a first approach to the problem of Palmares‘ lands, and possible developments between the last phase of the war with the Quilombo (c.1680 - c.1716) and the mid-eighteenth century. Through the extensive documentation produced on the phenomenon, it is possible to identify, even partially so far, the first sesmeiros having jurisdiction over these lands, their families, their positions in the colonial administration, as well as a remote idea of the location of the lands received. I believe that, with the further development of my PhD research, it may be visible, or at least suggestible, that even after the defeat of the main palmarinos leaders, maroon communities persisted across the region, integrated, as ever, to the colonial society around them. Some of the most important questions that I seek to answer are about the relationships between maroons and slaves who worked the fields and farms of the region. There are indications that some of the rebels captured blacks returned to captivity in the very lands granted to the conquerors in sesmaria allotments. The question that arises immediately is how the social relations between sesmeiros, tenants, slaves and fugitive blacks developed, in a context of overt crisis of Pernambuco sugar and advancement of what some will call peasantry in the region? Far from fully responding it, hopefully I will be able to formulate the question in a coherent theoretical and empirical way within this tex

  • português

    Ao longo de séculos, muito se escreveu sobre o famoso episódio do Quilombo dos Palmares. Análises de todo o tipo tentaram dar conta de elucidar o emaranhado de eventos que caracterizou tão longo fenômeno (c.1600 - c.1716). No entanto, muito pouco se escreveu sobre o que alguns autores identificam como o principal motivo da continuada guerra aos quilombolas da Serra da Barriga, na capitania de Pernambuco: a ocupação territorial e a incorporação das terras ocupadas pelos quilombolas à efetiva jurisdição da Coroa portuguesa, através do sistema de sesmarias. Por volta de 1678, em meio a um frustrado acordo de paz entre lideranças do quilombo e o governador da capitania, diversos lotes de terra foram concedidos em sesmarias, de diferentes dimensões, na área onde os mocambos dos negros ainda resistiam. Muitos dos agraciados foram os oficiais militares que integraram o esforço de guerra. Este pequeno texto busca uma primeira aproximação ao problema das terras palmarinas, e seus possíveis desenvolvimentos entre a última fase da guerra aos quilombos (c.1680 – c.1716) e meados do século XVIII. Através da documentação vasta produzida sobre o fenômeno, é possível identificar, mesmo que parcialmente até o momento, os primeiros sesmeiros a ter jurisdição sobre estas terras, suas famílias, seus cargos na administração colonial, assim como uma remota ideia da localização das terras recebidas. Acredito que, com o desenrolar da pesquisa de doutorado que ora desenvolvo, possa ser visível, ou pelo menos sugerível, que mesmo após a derrota das principais lideranças palmarinas, comunidades quilombolas ainda persistiam por toda a região, integradas, como sempre estiveram, à sociedade colonial local ao seu redor. Algumas das questões mais importante que procuro ―responder‖ são sobre as relações entre quilombolas e escravos que trabalhavam as roças e lavouras da região. Há indícios de que alguns dos negros sublevados capturados retornaram ao cativeiro nas próprias terras concedidas aos conquistadores em sesmarias. A pergunta que surge de imediato é como se deram as relações entre sesmeiros, arrendatários, escravos e negros fugitivos em um contexto de franca crise do açúcar pernambucano e avanço do que alguns chamam de campesinato na região? Longe de responde-la, espero conseguir formular de forma coerente, teórica e empiricamente, esta questão com o presente texto.