Este estudo descreve e analisa as percepções de professores sobre a prática da não-retenção escolar que busca possibilitar a alunos de camadas populares uma sobrevivência escolar mais prolongada. Para tanto, definiu-se como locus da pesquisa uma escola fundamental da Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte, que, desde 1995, assumiu o projeto político-pedagógico Escola Plural. A partir dessa reforma, mudanças radicais foram introduzidas na organização pedagógica das escolas e no trabalho docente objetivando construir uma escola mais includente e democrática. Numa abordagem qualitativa como procedimento central de investigação, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com os professores, no sentido de configurar as práticas pedagógicas construídas por esses atores e apreender alterações nos aspectos relativos aos processos de escolarização dos educandos a partir da adoção dos ciclos de formação e da eliminação dos mecanismos de reprovação escolar. A análise do material discursivo, obtido com a realização das entrevistas, foi feita pelo método de análise de conteúdo. A conclusão é de que o princípio da não-retenção, no âmbito da escola pesquisada, não consegue desfazer, por si mesma, os nós imbricados no sistema de ensino e reverter o quadro de exclusão que ainda persiste. Sem que os processos de ensino, as práticas pedagógicas e as estratégias escolares se reformulem para adquirirem contornos menos punitivos, seletivos e excludentes, o avanço certamente se mostrará limitado a uma escola que exclui menos, mas que continua excluindo.
The present study describes and analyzes the perceptions of teachers about the practice of assessment by learning cycles, which seeks to give students from the lower social classes an extended "survival" in school. The chosen locus for the research was a primary school from the Belo Horizonte Public School System, which since 1995 has implemented the Escola Plural ("Plural School") political-pedagogical project. From such reform, radical changes were introduced to the pedagogical organization of schools and to the work of teachers with a view to build a more socially inclusive and democratic school. Taking a qualitative approach as the central procedure for this investigation, semi-structured interviews were conducted with teachers with the purpose of picturing the pedagogical practices constructed by these agents, as well as apprehending changes in the aspects related to the schooling process of pupils since the adoption of learning cycles and the elimination of mechanisms of school failure. The analysis of the discursive material obtained from the interviews was made through the method of Content Analysis. The conclusion is that within the school studied here the principle of automatic promotion, per se, cannot untie the intricate knots of the school system to overturn the picture of exclusion that still persists. Without reforming the teaching processes, the pedagogical practices and school strategies, to give them less punitive, selective and excluding contours the advances will certainly be limited to a school that excludes less but still excludes.
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