Este artigo apresenta, compara e analisa dois relatos cosmogônicos distintos, recolhidos entre os grupos guarani, neste século. Em ambos os relatos a sabedoria desempenha um papel importante: em um deles, para justificar - em última instância - a origem do mal e, em outro, para torná-la partícipe e artífice do mundo e da auto-realização de todos os seres. Em ambos os casos, o papel assumido pela sabedoria está infimamente relacionado com o papel adjudicado à mulher nas histórias do bem e do mal. Nesse sentido, uma atenta exegese dos principais sintagmas que compõem os relatos e uma atenta apreciação dos mesmos pelas chaves hermenêuticas da teologia feminista podem clarificar em que medida o fato de responsabilizar a mulher e a sabedoria pela origem do mal na terra resulta de uma interpretação da tradição sapiencial pelo crivo dos valores próprios das sociedades patriarcais.
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