O objetivo central do presente trabalho é o de discutir algumas das propriedades temporais que caracterizam o Futuro Simples em Português Europeu. Começaremos por demonstrar que, embora este tempo gramatical veicule frequentemente informação de cariz modal, existem inúmeros contextos em que a sua função é claramente a de localizar uma situação num intervalo futuro. Nesse sentido, discutiremos algumas propostas de análise para o Futuro Simples que nos permitam dar conta das suas propriedades temporais. Assumiremos que o referido tempo gramatical exprime tipicamente uma relação de posterioridade no que diz respeito ao momento da enunciação. Uma tal abordagem permite-nos dar conta não apenas dos casos de mera localização das eventualidades no eixo temporal, mas também das restrições aspetuais a que a designada leitura conjetural do Futuro Simples está sujeita. Finalmente, estabeleceremos uma comparação sistemática entre as propriedades temporais do Futuro Simples e da construção ir (no Presente do Indicativo) + Infinitivo, sustentando a ideia de que esta última apresenta restrições adicionais a nível temporal – em particular, a imposição de uma fronteira posterior a t0 para além da qual as situações não se poderiam estender –, o que explicaria a total impossibilidade da sua comparência em configurações de sobreposição ao momento da enunciação, mesmo quando estão em causa predicações estativas.
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