Brasil
Este artigo tem como objetivo propor uma análise do pensamento do líder indígena e intelectual Ailton Krenak a partir de um alargamento da rede de sociabilidade do autor, que contemple também os mundos que tradicionalmente consideramos não humanos com os quais ele dialoga e que impactam na sua produção.
Trata-se de uma concepção que não recusa subjetividade às montanhas, às florestas e aos rios, por exemplo. A partir daí, questiona-se a lógica do progresso e do utilitarismo, bem como o antropocentrismo presente na trajetória epistemológica ocidental. Krenak denuncia um impulso dessa matriz de pensamento de construir uma “única paisagem” (que chamo de “paisagem unívoca”), como uma pulsão de homogeneização, que impossibilita a existência de múltiplos mundos, e narra sua trajetória política a partir da categoria de “alianças afetivas”, que abarca “humanos” e “não humanos”. Finalmente, é apresentada uma leitura da História dentro da cosmovisão reivindicada por Krenak, que consiste na concepção do presente como atualização constante da história de fundação do mundo, opondo-se a uma perspectiva linear. É a partir dessa interpretação que o autor propõe o que chamou de “ideias para adiar o fim do mundo”, em um presente em que perspectivas apocalípticas se tornam cada vez mais comuns.
This article seeks to analyze the thought of Indigenous leader and intellectual Ailton Krenak, particularly derivative of the expansion of his network, including the worlds that we would traditionally consider non-human with which he dialogues as well and impacted his work. This is a concept that does not refuse the subjectivity of mountains, forests and rivers, for example. From this, the author questions the logic of progress and utilitarianism, as well as the anthropocentrism present in the Western epistemological trajectory. Krenak denounces the impulse of this analytical matrix towards the building of a “single landscape” (which I call “univocal landscape”), as a push for homogenization, which prevents the existence of multiple worlds, and narrates his political course from the category of “affective alliances”, including the “human” and the “non-human”. Finally, the analysis focuses on a reading of history within this worldview claimed by Krenak, which consists of the conception of the present as a constant revision of the history of the foundation of the world, opposing a linear perspective. It is from this interpretation that the author proposes what he referred to as “ideas to postpone the end of the world”, in a present within which apocalyptic perspectives become more and more common.
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