Este estudio comparativo de las obras Não falei (2004), de Beatriz Bracher y Azul-corvo (2012), de Adriana Lisboa, tiene como objetivo analizar las representaciones de los mecanismos de transferencia de la responsabilidad del Estado a los ciudadanos comunes por los crímenes de lesa humanidad cometidos durante el período de la Dictadura Militar en Brasil. Apoyados en el pensamiento de Žižek (2012), observaremos cómo los individuos, a través de los papeles de delator y desertor, son responsabilizados por los actos de "violencia subjetiva" cometidos por el régimen, desconsiderándose una "violencia sistémica" primordial. Retirados de un contexto lógico causal, esos actos son igualados y juzgados fuera del sistema jurídico, analizados dentro de las esferas personales, según apreciaciones morales y afectivas. A la luz de las reflexiones de Ricœur (2000) sobre los abusos del olvido, veremos cómo la “Ley de Amnistía" solidifica ese proceso alienante que, en favor de la creación de una "unidad imaginaria” nacional, diluye todos los crímenes políticos en la amalgama uniforme del perdón. El concepto de “memoria subterránea” de Pollak (1993) nos ayudará a observar el abuso existente, también, en el deber de memoria, por forzar la penetración del colectivo en el envoltorio de las memorias individuales. Por último, mostraremos cómo el imaginario, punto de contacto entre la literatura y la historia, según White (1987), se revela como un recurso esencial para recordar u olvidar libremente, acogiendo esas “memorias subterráneas”.
This comparative study of the works Não falei (2004) by Beatriz Bracher and Azul-corvo (2012) by Adriana Lisboa aims to analyze the representations of the responsibility-transfer mechanisms from the State to ordinary citizens, for crimes against humanity committed during the period of military dictatorship in Brazil. Building on the thoughts of Žižek (2012), we will take a look at how individuals, through the roles of informant and defector, are liable for acts of “subjective violence” committed by the regime, disregarding a primordial “systemic violence.” Taken from a logical causal context, these acts are matched and judged outside the legal system, analyzed within the personal spheres, according to affective and moral judgements. In the light of Ricœur’s (2000) reflections on the abuses of oblivion, we will see how the “Amnesty Law” solidifies this alienating process that, in the interests of creating a national “imaginary unit,” dilutes all political crimes in a uniform amalgam of forgiveness. The Pollack’s (1993) concept of “underground memory” will help us observe the existing abuse also within the wheelhouse of memory, by forcing the penetration of the collective into the casing of individual memories. Finally, we will show how the imaginary, point of contact between literature and history, according to White (1987), proves to be an essential resource for freely remembering or forgetting, harboring these “subterranean memories.”
Este estudo comparativo entre as obras Não Falei (2004), de Beatriz Bracher, e Azul-Corvo (2012), de Adriana Lisboa, tem por objetivo analisar representações dos mecanismos de transferência de responsabilidade do Estado aos cidadãos comuns pelos crimes de lesa humanidade cometidos durante o período de Ditadura Militar no Brasil. Apoiados no pensamento de Žižek (2012), observamos como os indivíduos, através dos papéis de delator e desertor, são responsabilizados pelos atos de “violência subjetiva” cometidos pelo regime, desconsiderando-se uma “violência sistêmica” primordial. Retirados de um contexto lógico causal, esses atos são igualados e julgados fora do sistema jurídico, analisados dentro das esferas pessoais, segundo apreciações morais e afetivas. À luz das reflexões de Ricœur (2000) sobre os abusos do esquecimento, veremos como a “Lei da Anistia” solidifica esse processo alienante que, em prol da criação de uma “unidade imaginária” nacional, dilui todos os crimes políticos na amálgama uniforme do perdão. O conceito de “memória subterrânea” de Pollak (1993) nos ajudará a observar o abuso existente também no dever de memória, por forçar a penetração do coletivo no invólucro das memórias individuais. Mostraremos, por fim, como o imaginário, ponto de contato entre a literatura e a história, segundo White (1987), revela-se um recurso essencial para lembrar ou esquecer livremente, acolhendo essas “memórias subterrâneas”.
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