Neste ensaio pretende-se salientar uma pane da poesia anteriana que não tem sido valorizada: a poesia da Juventude. Percorrendo as páginas das Primaveras românticas e relendo alguns poemas de Raios de extinta luz, pode-se facilmente verificar a preocupação do autor em variar os metros, misturá-los no mesmo poema ou na mesma estrofe, procurando adequá-los aos temas abordados. É também de notar a utilização/não utilização das rimas, os discretos mas expressivos jogos de palavras, as imagens inovadoras e por vezes bastante ousadas. Além destes pontos, que dizem mais respeito ao nível da expressão, relevaram-se alguns temas por ele abordados e mais tarde relegados ao quase total esquecimento, tais como o do amor que oscila entre o filial e o marcadamente sensual, de que são exemplos alguns poemas da primeira juventude. Procurou-se, numa leitura atenta, chamar a atenção dos leitores de Antero para uma face que se tem mantido quase sempre na sombra, obscurecida pela perfeição dos sonetos, dos quais alguns datam da sua extrema juventude.
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