Resumen de O complô para o sequestro do rei e a construção narrativa de Jacques de Armagnac como o perfeito traidor. C.1465-C.1477.
- English
The main hypothesis of this text is that king embodied the sacrality of the body of the kingdom in specific situations. In this sense, this article disagrees with Alain Boureau, although it agrees that the idea of the Kings Two Bodies (as proposed by Ernest Knatorowicz) cannot be automatically be applied to all contexts and situations in which the royal persona is involved. The performance of power that can be observed in a process involving Lèse-Majesté projects the king in a different level. Such concept transcends the evanescence of a human life, despite the constant threats of the princely polyarchy (that took place between 1465 and 1483). The danger of imprisonment and/or muder of the king emphasized in the process was one of the main strategies for criminalization of the acts of the duke of Nemours and his image as a good and faithful subject/vassal. The alleged initiative to plot to imprison the king was considered an attack to the sovereignty of the ‘most Christian king’. This attack was classified as almost an atrocity, something that violated the peace of the kingdom, and therefore could be harshly punished. Once brought to light , the physical threat to the king was considered a grave crime that harmed royal majesty and therefore should be exemplary punished.
- português
Temos como hipótese central nesse texto, discordando de Alain Boureau, que o rei encarnava, em certas situações, a sacralidade do corpo do reino, ainda que a ideia dos dois corpos do rei de Ernest Kantorowicz não possa ser aplicada automaticamente a todos os contextos e situações envolvendo a persona real. Na teatralização do poder vigente, em um processo de lesa-majestade, o rei estava relacionado a uma esfera conceitual, que transcendia a mera evanescência de uma vida humana, a despeito de ter sido constantemente ameaçado pela poliarquia principesca de 1465 até o final de seu reinado, em 1483. O perigo de aprisionamento e/ou assassinato do rei, enfatizado no processo, foi uma das principais estratégias de criminalização dos atos do duque de Nemours e de desconstrução de sua imagem de bom e fiel súdito/vassalo. A suposta iniciativa de conspirar, para aprisionar e/ou assassinar o rei, era considerada um atentado à soberania do rei cristianíssimo, passível de duras penas, sendo quase uma atrocidade, algo desmedido, que violava a paz do reino. Em larga medida, a ameaça física ao rei, ao ser evidenciada, era um grave crime, que lesava a majestade real, e deveria ser cabalmente punida.
