Este artigo tem como objeto de estudo um instrumento musical não-convencional tocado no Rio de Janeiro Imperial entre 1826 e 1873, denominado «cacos» ou «caquinhos». Verificaremos qual era a forma e a sonoridade dos «caquinhos», de que materiais eram feitos, como, onde e por quem eram tocados, que músicas e danças acompanhavam e os ritmos que executavam. Na primeira parte do texto contemplaremos as referências aos «caquinhos» em relatos de viajantes, comédias teatrais e periódicos. Na segunda e última parte analisaremos a composição intitulada Lundu dos Lavernos – obrigado a caquinhos ou ferrinhos, com música de José Maurício Nunes Garcia Júnior (1808-84) e letra de Manuel de Araújo Porto-Alegre (1806-79), cuja partitura foi publicada em 1844, no periódico A Lanterna Mágica. Concluiremos assinalando a importância dos «caquinhos» como mediadores culturais entre as práticas musicais dos africanos escravizados e aquelas adotadas pelas camadas médias e altas da população.
The object of this article is an unconventional musical instrument played in Imperial Rio de Janeiro between 1826 and 1873, called ‘cacos’ or ‘caquinhos’. I will examine the shape and sonority of the ‘caquinhos’, what materials they were made of, how, where and by whom they were played, which songs and dances they accompanied and the rhythms they performed. In the first part of the text I will discuss the references to ‘caquinhos’ in travellers’ reports, theatrical comedies and periodicals. In the second part I shall analyse the composition entitled Lundu dos Lavernos – obrigado a caquinhos ou ferrinhos, with music by José Maurício Nunes Garcia Júnior (1808-84) and lyrics by Manuel de Araújo Porto-Alegre (1806-79), whose score was published in the newspaper A Lanterna Mágica, in 1844. I will conclude by pointing out the importance of the ‘caquinhos’ as cultural mediators between the musical practices of enslaved Africans and those adopted by the middle and upper classes of the population.
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