As sociedades do Antigo Regime apoiavam-se na diferenciação de ordens sociais com direitos desiguais. A pertença às duas ordens privilegiadas era adscrita por nascimento ou por mérito. O estatuto clerical era adquirido por mérito e a nobreza transmitida por descendência. Muros e portas protegiam os privilégios daqueles incluídos contra a inveja dos excluídos. Outros padrões de exclusão eram, e continuam a ser, relacionáveis com género, crenças, etnicidade, nacionalidade, família ou parentesco, o sentimento de pertença a uma determinada comunidade. A urbanização introduziu um novo princípio de inclusão: o da cidadania, que nas suas origens residia numa dupla escolha, o desejo do individuo de ser incluído e a admissão por parte do grupo residente para com o recém-chegado. Este último tinha que fazer um juramento de solidariedade, prometer submeter-se às regras colectivas, e oferecer serviços à comunidade, muitas vezes incluindo uma taxa de entrada. Nem todos os moradores da cidade usufruíam de direitos plenos de cidadania, tal como a protecção e o direito de voz. Este modelo multiplicou-se dentro e entre as cidades na forma de associações, irmandades, ligas urbanas e hansas. Todas estas formavam comunidades privilegiadas, inclusivas em condições reciprocas, e exclusivas. A sociedade tornou-se então num complexo padrão de grupos diferenciados por marcadores e códigos sociais.
Ancien régime societies rested on the distinction of social orders with unequal rights. Membership of the two privileged orders was ascribed by birth or by merit. The clerical status was acquired by merit, nobility was transmitted by descendance. Walls and gates protected the privileges of those included against the envy of the excluded people. Other general patterns of exclusion were – and still are – related to gender, belief, ethnicity, nationhood, family or kinship, the sense of belonging to a particular community. Urbanization introduced a new principle of inclusion: that of citizenship, which in its origins rested on the double choice of the individual desiring to become included, and the in-group admitting the newcomer. The latter had to swear an oath of solidarity and pledge to submit to collective rules and to deliver services to the community, often including an entry fee. Not all town dwellers enjoyed the full rights of citizenship, such as protection and voice. This model became multiplied within and between towns in the form of guilds, brotherhoods, urban leagues and hansas. They all formed privileged communities, inclusive on reciprocal conditions, and exclusive. Society thus became a complex patchwork of status groups distinguished by social markers and codes.
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