Daniela Gomes, Sara Teixeira, Cristina Maria Leite Queirós
Introdução: A pandemia COVID-19 modificou abruptamente os contextos de trabalho e sobrecarregou os enfermeiros de tarefas imprevistas, tendo impacto negativo na sua saúde mental e psicológica. Apelidados de “anjos na terra”, desempenham um papel fundamental na gestão desta pandemia e os estudos têm demonstrado que os enfermeiros da linha da f rente apresentam níveis elevados de burnout. Contudo, o engagement e a resiliência podem constituir fatores de proteção contra o burnout.
Objetivos: Pretende-se identificar os níveis de burnout, de resiliência e de engagement nos enfermeiros, bem como analisar a sua inter-relação e variação em função de características sociodemográficas/ profissionais.
Metodologia: Os dados foram recolhidos online através do método de bola de neve com participação voluntária, tendo sido aplicadas as versões portugueses do Oldenburg Burnout Inventory, Utrecht Work Engagement Scale e Resilience Scale. Participaram de forma anónima e voluntária 328 enfermeiros portugueses, sendo 77% mulheres, 62% tendo licenciatura, 84% a trabalhar por turnos, 90% com vínculo definitivo, com média de idades de 32,91 anos e média de 9,94 de anos de serviço.
Resultados: Revelaram-se níveis moderados de burnout, engagement e resiliência, embora 37% apresentem baixo engagement. Existe correlação significativa positiva entre engagement e resiliência, e negativa destes com o burnout. Encontrou-se maior exaustão nos enfermeiros a trabalhar em turno rotativo e nas mulheres, e maior desinvestimento nos enfermeiros com filhos. A análise de regressão revelou que 31% da exaustão é explicada pelo engagement, 3% pelas variáveis profissionais e 2% pela resiliência, enquanto o desinvestimento é explicado em 40% pelo engagement.
O engagement é explicado em 84% pela resiliência e apenas 2% pelo burnout, enquanto a resiliência apenas é explicada em 9% pelo engagement.
Discussão: Os níveis moderados de burnout nestes profissionais confirmam a necessidade da sua prevenção, nomeadamente com intervenções eficazes a nível individual, coletivo e organizacional.
Conclusão: Constituindo a resiliência e o engagement fatores de proteção do burnout, é importante sensibilizar os enfermeiros para a adoção de estratégias de gestão do stress crónico e/ou intenso no seu trabalho e para o cuidar de si, pois o burnout está a aumentar na “era COVID”, prejudicando o desempenho e a saúde individual.
Introduction: The COVID-19 pandemic suddenly changed job contexts and overloaded nurses with unforeseen tasks, having a negative impact on their mental and psychological health. Viewed as “angels on earth”, they play a key role in this pandemic management, while studies have shown that f rontline nurses have high levels of burnout. However, engagement and resilience can be protective factors against burnout.
Objectives: This study aims to identify burnout, resilience and engagement levels in nurses, as well to analyze their interrelationship and their variation according to sociodemographic/professional characteristics.
Methodology: The data were collected online using the ‘snowball method’ with voluntary participation, applying the Portuguese versions of the Oldenburg Burnout Inventory, Utrecht Work Engagement Scale and Resilience Scale. A sample of 328 Portuguese nurses participated anonymously and voluntarily, being 77% women, 62% with a graduation, 84% working by shifts, 90% with definitive bond. They had an average age of 32.91 years and an average of 9.94 years of service.
Results: The results revealed moderate levels of burnout, engagement and resilience, although 37% presented low engagement. There is a significant positive correlation between engagement and resilience, and a negative correlation between engagement and burnout.
There was greater exhaustion in nurses working in rotating shifts and in women, and greater disengagement in nurses with children.
Regression analysis revealed that 31% of exhaustion is explained by engagement, 3% by professional variables and 2% by resilience, while disengagement is explained 40% by engagement. Engagement is explained 84% by resilience and only 2% by burnout, while resilience is only explained 9% by engagement.
Discussion: The moderate levels of burnout among these nurses confirm the need for their prevention, particularly with effective interventions at the individual, collective and organizational levels.
Conclusion: Being resilience and engagement protective factors of burnout, it is important to alert nurses to the adoption of chronic and/or intense stress management strategies in their work. Moreover, they need to take care of themselves, since burnout is increasing in the “COVID era”, reducing the performance and individual health.
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