Brasil
Movimentos feministas têm encontrado na internet um meio bastante promissor para abrigar discussões dentre os mais variados temas, em que as viagens se incluem, e com uma organização em rede mais distribuída. Neste espectro, analiso neste artigo como as redes de viagens colaborativas compostas por brasileiras no continente europeu podem estimular mobilidades, práticas turísticas e formar redes de apoio transnacionais, a partir de interações na internet baseadas na identidade de gênero. Tal investigação parte de um estudo etnográfico sobre do grupo Couchsurfing das minas na Europa, do Facebook, envolvendo a realização de entrevistas, o acompanhamento de ações das integrantes e a análise de discussões dispostas na plataforma. Suas interações são motivadas pela partilha de hospedagem em residências e em interlocuções abarcadas sob o tema das viagens. O estudo revisita a Teoria da Dádiva, de Marcel Mauss para pensar como a trocas sociais contemporâneas não comerciais podem se construir por meio de um ativismo identitário e político. A análise também se ampara nas discussões sobre mobilidades, especialmente levantadas por John Urry e Mimi Sheller, que consideram não somente o caráter móvel dos indivíduos, como também dos objetos, das comunicações e das ideias. Paradigma que evoca possibilidades metodológicas em que o pesquisador é levado a experienciar tais movimentos, essenciais às análises sobre o fenômeno. A viagem é debatida aqui como uma atividade contemporânea que se estende às práticas de mercado, com o fortalecimento de um ideal solidário e coletivo. Apesar das muitas dissonâncias e desigualdades que se apresentam nos processos, essas redes estimulam as mobilidades dentro da perspectiva de gênero, da afirmação identitária e do ativismo político.
© 2001-2024 Fundación Dialnet · Todos los derechos reservados