This article aims at analyzing the cons-truction of masculinities in Lésbia (1890), a novel by Délia, literary pseudonym of Maria Benedita Câmara Bormann (1853-1895). The plot narrates the background and the fictional trajectory of a Brazilian novelist, through which the author de-nounces social stigmata carried by women, especially middle-class, who wish to have a professional life in fin-de-siècle Brazil. Multiple male profiles presented in this narrative make it possible to reflect on how Bormann problematizes the construction of virility models that prevailed in the beginning of the republican period in 19thcentury Brazil, as well as their impact on gender hierarchies and contrasts. On the one hand, these profiles signal critical appropriations of naturalistic elements in the analysis of masculinity profiles, understood by the novelist as vain and petty, violent and irresponsible. On the other hand, they suggest the possibility of other experiences of the masculine, marked by erudition and sensitivity, capable of cultivating less vertical relationships with women, based on passion and valorization of the intellect.
O artigo se propõe analisar a construção das masculinidades no romance Lésbia (1890), de Délia, pseudônimo literário de Maria Benedita Câmara Bormann (1853-1895). A trama narra a formação e a trajetória ficcional de uma romancista brasileira, por meio da qual a autora delata os estigmas sociais que recaem sobre as mulheres, sobretudo das classes médias, que anseiam pela inserção em carreiras profissionais no fin-de-siècle brasileiro. A multiplicidade de perfis masculinos delineados na narrativa possibilita a reflexão a respeito do modo como Bormann problematiza a construção dos modelos predominantes de virilidade na passagem para o período republicano no Brasil oitocentista, bem como seus impactos sobre as hierarquias e contrastes de gênero. Por um lado, indica as apropriações críticas de elementos do naturalismo no escrutínio de perfis de masculinidade compreendidos pela romancista como vaidosos e mesquinhos, violentos e irresponsáveis; por outro, sugere a possibilidade de outras vivências do masculino, demarcados pela erudição e sensibilidade, capazes de cultivar relações menos verticalizadas com mulheres, baseadas na paixão e na valorização do intelecto.
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