City of Mount Pleasant, Estados Unidos
Este intento de Hilst de achar a transcendencia por meios estéticos foi assinalado pela crítica e declarado pela autora mesma em entrevistas.2 A prosa hilstiana apresenta-se como um espaço discursivo e estético de superaçao da sexualidade em categorias culturais finitas, um espaço que se presta para concebe-la em termos da multiplicidade transitiva de atributos binários e nao binários, a modo de uma "transidentidade". Nossa tese entra em diálogo com a teoria de genero e a queer theory na medida que estas estabelecem a funçao da linguagem na construçao discursiva da sexualidade e genero (Butler, Gender 13) e no processo de descentramento e estranhamento (queering) das identidades normativas.3 Referiremos específicamente aos conceitos de "trans·" (Halberstam), "travesti" (Kulick, Wayar) e "desidentificaçao" (Muñoz). O caráter fluido e transgressivo do genero explica-se com o conceito da transitividade sexual, desenvolvido na teoria trans· de Jack Halberstam (2018), no estudo dos travestis brasileiros de Don Kulick (1998) e nos textos testemunhais da ativista travesti argentina, Marlene Wayar (2019). A sexualidade do protagonista fica incerta, borrenta e manchada enquanto sua percepçao fragmentada de si mesmo: "meu ser inteiro de sigilo e medo NÄO PERTENCE, é isso, nao sou nem isso nem aquilo, escuro estranhamento [...] que esforço para pertencer (110); [...]
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