Fábio Vizeu, Kamille Ramos Torres, Luan Matheus Pedrozo Kolachnek
A revisão sistemática de literatura, bem como outros procederes similares de levantamento bibliográfico, tem sido amplamente utilizada como ferramenta pretensamente capaz de viabilizar uma acurada varredura sobre como determinado tema é tratado no campo acadêmico-científico. Tais metodologias se valem da atual estrutura digital de publicidade da literatura acadêmica, onde algoritmos e ferramentas de busca em bases de dados permitem que se acesse milhares de textos, bem como se filtre o que seriam amostras representativas do que se convencionou como o ‘estado da arte’. Contudo, assumindo um viés quantitativo e um objetivismo reducionista, tais procederes desconsideram importantes aspectos qualitativos da comunicação acadêmica, especialmente em campos tão paradigmaticamente plurais como o da Administração. Isto posto, este texto objetiva discutir tais ferramentas, por meio da crítica epistemológica. Nosso principal argumento é o de que tais procederes se originaram em campos onde a visão de ciência e do texto acadêmico é positivista e fundada em um cânone homogêneo, o que justifica a pretensão de cobertura da convergência do pensamento científico nos campos originais das metodologias. Todavia, se considerarmos a polissemia e a diversidade epistemológica da pesquisa em Administração, a intenção revisional dessas metodologias torna-se incompleta e/ou limitada, já que os elementos de convergência/divergência do pensamento são de ordem argumentativa. Por isso, pleiteamos um proceder qualitativo para a sistematização da literatura de referência.
Systematic literature review, as well as other similar bibliographic survey procedures, have been widely used as tools supposedly capable of making an accurate analysis of how a given topic is treated in the academic-scientific field. Such methodologies make use of the current digital structure of publicity of academic literature, where algorithms and search tools in databases allow accessing thousands of texts, as well as filtering what would be representative samples of what is conventionally known as the 'state of the art'. However, assuming a quantitative bias and a reductionist objectivism, such procedures disregard important qualitative aspects of academic communication, especially in such paradigmatically plural fields as Management. That said, this text aims to discuss such tools, through epistemological criticism. Our main argument is that such procedures originated in fields where the view of science and the academic text is positivist and founded on a homogeneous canon, which justifies the intention to cover the convergence of scientific thought in the original fields of methodologies. However, if we consider the polysemy and epistemological diversity of research in Management, the revisional intention of these methodologies becomes incomplete and/or limited, since the elements of convergence/divergence of thought are of an argumentative nature. Therefore, we plead for a qualitative procedure for the systematization of the reference literature.
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