A leitura que aqui propomos mede as implicações de sentido do complexo processo de nomeação da voz narradora – a única voz que atravessa toda a trama fictional dos três romances de As Areias do Imperador. Parte, com esse propósito, da ponderação dos seus dois traços negativos. São eles: 1) o da sua impossibilidade de ser «pessoa», no mundo patriarcal de Nkokolani; 2) o seu ser um «nome de nenhum nome». A nossa análise porá em relevo o facto de que é a partir da reversão do seu sentido negativo que a sua voz deve passar a ser ouvida, já em Mulheres de Cinza. Fá-lo-á nela pondo em relevo, quer a instância do neutro – tal como Maurice Blanchot a define, em L’entretien infinit – quer a do tradutor... – tal como Mia Couto a pensa – como categorias relevantes da nossa leitura... E mostrará como ambas se entrecruzam, nos três romances da trilogia.
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