Resumen de Ciência, construção da nação e exclusão social: São Paulo-Brasil (1889-1930)
- English
By the end of the Nineteenth century and during the first decades of the Twentieth Century in big Brazilian cities such as São Paulo, there was a great diffusion of hygiene and health patterns which had already been largely adopted in Europe and empowered by scientism, the utmost expression of the progress of science at that time. This scientific progress revealed to the world the existence of a large quantity of germs that seemed to thrive particularly in the bodies of the popular classes, composed by immigrants, black and mixed people – the mestizos – that threatened mainly the ruling class – an elite which should by its very own nature lead the country according to capitalism’s premises. This research aims to understand the practice and action of hygienic physicians in the city of São Paulo, Brazil. According to positivist ideals, this model of activity framed social development on reference to physical sciences model, transforming the theory on evolution in social Darwinism and preaching the superiority of white race over the other ones. It employed Mendel discoveries in order to justify and hinder the proliferation of mestizos, of “degenerated” people, that is, of those who did not fit within the dominant system or resisted against it. On behalf of a neuter and truthful science, popular knowledge was also disqualified, being its owners, the common folks, considered as ignorant people, victim of superstitions. This kind of thinking was meant to guarantee social order, keeping a perfect balance between order and progress, motto of Brazilian national flag.
- português
No final do século XIX e nas primeiras décadas do XX difundiram-se em grandes cidades como São Paulo, normas de higiene já amplamente divulgadas na Europa, legitimadas pelo cientificismo, expressão máxima do progresso da ciência na época. Esse progresso revelou um mundo de germes que pareciam desenvolver-se sobretudo, nos corpos das classes populares, compostas por imigrantes, negros e mestiços, ameaçando principalmente a saúde de uma elite dominante que por natureza deveria conduzir o país segundo as diretrizes do modo de produção capitalista. Esta pesquisa visa compreender a atuação dos médicos higienistas em São Paulo. Este modelo enquadrou – segundo o ideal positivista – o desenvolvimento social dentro de leis naturais e necessárias, conforme o modelo das ciências físicas, transformou a teoria da evolução em darwinismo social, pregando o triunfo da raça branca sobre as demais; utilizou as descobertas de Mendel para justificar e impedir a proliferação dos mestiços, dos “degenerados”, ou seja dos que não se adequavam ao sistema ou resistiam a ele. Sob a égide de uma ciência neutra e verdadeira, o saber popular também foi desqualificado e seus portadores considerados ignorantes, vítimas de crendices. Pensava-se dessa forma, garantir a ordem social, mantendo em perfeito equilíbrio a ordem e o progresso, lema da bandeira nacional.
