Este artigo trata das dinâmicas territoriais entre Brasil e Angola produzidas no contexto da ascensão e estouro da bolha financeira das commodities durante as primeiras duas décadas dos anos 2000. Apresentamos as dinâmicas territoriais entre Brasil e Angola através dos circuitos de mobilidade do trabalho e de capitais entre os dois países a partir da emergência de um novo arranjo geoeconômico e geopolítico no Sul global, por meio de uma pesquisa bibliográfica e da realização de entrevistas. No âmbito da mobilidade dos capitais apresentamos a exportação de serviços brasileiros em empreiteiras do setor de construção civil, com centralidade para as operações da Odebrecht, responsável por um conjunto considerável de grandes obras em Luanda e no interior de Angola. Para a apresentar as dinâmicas da mobilidade do trabalho descrevemos as trajetórias de imigrantes angolanos submetidos ao Estatuto do Refugiado no Brasil, considerando as suas condições jurídicas e laborais. Como resultado, apresentamos um mapeamento das principais ações de modernização territorial promovida pela Odebrecht em território angolano e uma caracterização qualitativa da situação do imigrante angolano no Brasil contemporâneo. Consecutivamente, propomos um entendimento das dinâmicas territoriais contemporâneas entre Brasil e Angola como um parte de processo prenhe de contradições socio-espaciais e econômicas, cujo desenlace se insere na dinâmica de crise do capitalismo financeiro contemporâneo.
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