Este ensaio pretende pensar o corpo e o grito que dele emana na obra de Marguerite Duras e Clarice Lispector, mais detidamente no poema As mãos negativas (1997) e na narrativa Água viva (1973). Para tanto, apossa-se da distinção feita por Maurice Merleau-Ponty entre o grito e a poesia, uma vez que esta última “em lugar de dissipar-se no instante mesmo em que se exprime [como o grito], encontra no aparato poético o meio de eternizar-se” (1945[1999]). Do filósofo francês, o trabalho incorpora ainda a ideia de um corpo sensível, bem como toma reflexões de Roland Barthes para propor a leitura de um corpo poético. Em suma, busca tecer apontamentos sobre o grito como pré-linguagem, antes da primeira palavra e como pós-linguagem, quando não restam palavras. O grito como a continuação do corpo fora do corpo. Tenciona, por fim, apontar que espécie de grito perpassa a escritura das autoras.
This essay intends to think about the body and the scream that emashes from it in thework of Marguerite Duras and Clarice Lispector, more closely in the poem As mãos negativas(1997) and in the narrative Água viva(1973). To this end, ittakes advantage of the distinction made by Maurice Merleau-Ponty (1999, p. 209) between scream and poetry, once the latter “instead of dissipating at the very moment when it is expressed [as the scream], finds in the poetic act the means of being ternized”(1999). From the French philosopher, the paperalso incorporates the idea of a sensitive body, as wellas takes reflections of Roland Barthes (2018; 2013) to propose the reading of a poetic body. In short, it seeks to make notes about the scream as pre-language, before the first word and as post-language, when there are no words left. The scream as the continuation of the body outside the body. Finally, it intends to point out what kind of scream permeates the writing of the authors.
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