A noção de «estranhamento» aplica-se plenamente à obra plural de Fernando Pessoa. Esta noção relaciona-se, em especial, com duas grandes realizações do autor português: a criação heteronímica e a escrita extensa no tempo do Livro do Desassossego. Estas duas empresas implicam um questionamento radical do sujeito por diferentes vias. Enquanto a dinâmica da heteronímia através da desmultiplicação das personalidades literárias permite que Fernando Pessoa desenvolva um auto-questionamento irónico a partir do ponto de vista do outro, Bernardo Soares escrutina de forma obsessivaa dissolução do seu próprio ser, convertendo o seu diário fictício num dos mais impressionantes exemplos da moderna «crise susujet»
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