Inspirados no pensamento de Wittgenstein, este artigo critica algumas das implicações educacionais da psicogênese da língua escrita de Emília Ferreiro e Ana Teberosky. Aplicaremos a terapia filosófica de Wittgenstein sobre alguns pontos desta teoria, procurando relativizar o pressuposto de que toda criança constrói hipóteses, seguindo um “padrão evolutivo”. Em contraposição a esta perspectiva que naturaliza os processos de aprendizagem, defenderemos que a apropriação da escrita é uma atividade complexa, envolvendo tanto o domínio dos sistemas alfabético e ortográfico, como o uso da língua escrita em práticas sociais de letramento em contextos diversificados. A alfabetização, a partir desta visão pragmática de inspiração wittgensteiniana, caracteriza-se como uma atividade envolvendo diferentes jogos de linguagem para ensinar técnicas das regras convencionais do sistema da escrita, cuja aprendizagem pressupõe etapas preparatórias de práticas que inserem gradualmente a criança no universo da leitura e da escrita, dentro de uma forma de vida.
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