Há uma larga trajetória na ciência política que defende os efeitos positivos que a participação imputa sob a democracia. Por outro lado, nos últimos anos, a ascensão da extrema direita e o crescente apoio a regimes autoritários têm demonstrado a heterogeneidade da sociedade civil e as suas diferentes faces, inclusive as mais perversas. Ainda que os trabalhos tenham avançado sobre os possíveis efeitos da participação na conformação do Estado e de políticas públicas, ainda é árido o campo que se dedica a analisar o papel formativo da participação em relação aos seus participantes. Desse modo, este artigo se propõe a realizar um balanço teórico e analítico das diferentes perspectivas quanto ao impacto que as atividades de participação podem gerar na formação do próprio individuo em relação a defesa da democracia. Partindo da análise de conceitos clássicos como cultura política, capital social e participação, o trabalho busca realizar os exercícios de: (i) articular dois campos teóricos da ciência política (cultura política e participacionista) que comumente trabalham o mesmo objeto, mas com perspectivas muito distintas e poucas vezes articuladas e (ii) examinar as principais críticas e abordagens que demonstram que a participação não é exclusivamente um campo virtuoso. O objetivo do trabalho é lançar luz às perspectivas clássicas que defendem a relação positiva entre participação e democracia, bem como demonstrar as variações que existem dentro da própria sociedade civil e seus efeitos democráticos entre os indivíduos que participam.
There is a long trajectory in political science that defends the positive effects that participation imputes under democracy. However, the recent rise of the extreme right and the support for authoritarian regimes has highlighted the heterogeneous nature of civil society, which includes some negative aspects. Although research has made progress in exploring the possible effects of participation on the state and public policies, the study of the formative role of participation in relation to its participants is still underdeveloped. Therefore, this article proposes a theoretical and analytical review of the different perspectives on the impact of participation on the formation of individuals in relation to the defense of democracy. The article analyzes classic concepts such as political culture, social capital, and participation, and aims to: (i) integrate two theoretical fields of political science (political and participationist culture) that share the same object but have distinct and rarely articulated perspectives, and (ii) examine the main criticisms and approaches that demonstrate that participation is not exclusively a virtuous field. The objective of the study is to shed light on the classic perspectives that support the positive relationship between participation and democracy, as well as to demonstrate the variations that exist within civil society itself and the democratic effects on individuals who participate.
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