Brasil
Neste texto buscamos discutir a questão do sigilo em pesquisa a partir da maneira como citamos as pessoas que participaram de nossas oficinas de sensibilização corporal nos nossos relatórios de pesquisa. Para isso, partimos do problema do sigilo em pesquisa apresentado por Vinciane Despret (2011a) e da possibilidade de construir uma pesquisa encarnada, tendo como metodologia a proposta de PesquisarCom de Marcia Moraes (2011). A partir destes referenciais teórico-metodológicos, apresentamos nossa proposta de criar nomes fictícios que eram construídos nas oficinas pelos próprios participantes. Na elaboração das mesmas, optamos por esta estratégia por compreender que os nomes, ao mesmo tempo que carregam a historicidade dos sujeitos, também dificultam a produção de novos sentidos para os corpos e afetos inseridos em nosso dispositivo. Além disso, compreendemos que a escrita dos nomes num texto acadêmico ou relatório de pesquisa possui um sentido de verdade ao qual gostaríamos de escapar. Percebemos que a escolha dos nomes fictícios performou novas possibilidades de nomeação que não poderiam emergir em qualquer outro dispositivo, pois diz respeito à maneira como aqueles nomes foram construídos naquele grupo. Partilhar a feitura dos nomes gerou um efeito interessante de partilha e afeto, uma vez que todas as pessoas que participam das oficinas tiveram a oportunidade de construir novos sentidos acerca de seus corpos e afetos também a partir dos nomes criados coletivamente.
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