A descolonização tornou-se um tema relevante para a museologia e para os estudos do património. No projeto de investigação “Políticas de Representação do Património Guineense nos Museus Portugueses na Transição do Período Colonial para o Pós-colonial: Histórias, Trânsitos e Discursos” discute-se o significado e o valor do património da Guiné-Bissau recolhido durante a época colonial e que se encontra nas coleções dos museus portugueses. Este breve artigo reflete sobre o documentário realizado sobre Victor Bandeira (1931-), enquanto parte da investigação realizada no âmbito do projeto de doutoramento. Bandeira é um colecionador lisboeta que estabeleceu uma relação informal com o Museu Nacional de Etnologia (antigo Museu de Etnologia do Ultramar) a partir de meados da década de 1960, coletando uma parte muito representativa do acervo não-europeu desta instituição. Bandeira é também a única testemunha dos primórdios deste museu, podendo ser considerado uma peça fundamental da história deste museu. Apesar de estudos anteriores sobre a figura de Bandeira, enquanto colecionador e viajante, estava ausente uma perspetiva audiovisual ou, como descreve a antropóloga Sarah Pink – uma abordagem etnográfica visual e sensorial, que procurámos aplicar neste documentário. Este texto procura, assim, evidenciar algumas observações sobre a relação entre duas histórias de vida interdependentes: a de Victor Bandeira e a do Museu Nacional de Etnologia, contribuindo para melhor compreender as práticas que estão na base da formação de coleções e como se estas se interligam com a história deste museu.
Decolonisation has become a significant topic in contemporary museum and heritage studies. The research project “Representational Politics of Guinean Heritage in Portuguese Museums in the Transition from Colonial to Postcolonial Period: Histories, Transits and Discourses” discusses the meaning and value of the Guinea-Bissau heritage collected during the colonial era that is part of Portuguese museum collections. This essay focus on a documentary about Victor Bandeira (1931-), as part of the PhD research project. Bandeira is a collector that established an informal relationship with the National Museum of Ethnology (former Overseas Museum of Ethnology), in Lisbon, from the mid-1960s onwards, collecting a representative part of the museum’s non-European collections. He remains a living witness to this museum’s beginning years and can be considered a vital component of the museum’s history. Bandeira has been an object of enquiry in previous studies. However, there was missing an audio-visual perspective or, as the anthropologist Sarah Pink describes – a visual and sensorial ethnographic approach. This short article explores, from fieldwork observations, the relationship between two interdependent biographies: Victor Bandeira and the National Museum of Ethnography, reflecting on the data gathered and the experience of interviewing Bandeira, contributing to review past collecting practices and the museum’s history.
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