O papel desempenhado pelos objectos na criação do espaço doméstico sugere que os consideremos como extensões do próprio indivíduo e, neste sentido, sujeitos a um processo de familiarização. Sem inviabilizar os critérios de distinção associados às práticas de consumo que os objectos asseguram enquanto mecanismos de classificação social- e é sob este ângulo que a Sociologia tem concentrado o seu olhar sobre os objectos - procuramos aqui salientar uma outra dimensão a que estes também respondem, na sua qualidade de «arquivo de memórias», Nesta medida, os objectos asseguram um papel relevante de identificação dos indivíduos consigo próprios. Tratando-se de dispositivos com forte poder evocativo, permitindo a cada um de nós reconstituir o seu mapa de memórias, afectos e segredos, os objectos participam activamente nos mecanismos de apropriação que actualizam, em permanência, a relação dos indivíduos com a sua parte visível do «cosmos», que é o universo doméstico.
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