A questão da intimidade e da sua devassa nos media e da sua exploração pelas tecnologias nunca foi tão debatida como nestes últimos dez anos. No âmbito deste trabalho, pretendeu-se identificar as condições de emergência, os dispositivos e os tópicos do que chamamos o “íntimo-quotidiano” na televisão francesa, no caso da TF1 e na televisão portuguesa, no caso da SIC. Ao adoptar uma perspectiva diacrónica (1986-2000, para a TF1, 1992-2000, para a SIC) e transcultural, foi-nos possível observar como a vida privada do cidadão comum se expõe e como é codificada. Através de uma análise comparada, o nosso propósito foi o de identificar os desvios semióticos e os aspectos convergentes nessa exposição, assim como o de verificar se as representações e os discursos diferem entre as duas estações. Num mundo cada vez mais globalizado, tentámos apreender as nuances e os graus de pudor e de impudor que caracterizam estes dois universos audiovisuais.
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