José Carlos Gimenez, Renata Cristina De Sousa Nascimento
The possession of relics can symbolically project a territory as sacred, protected by God and his saints, through something tactile, visible, concrete, a spirituality that passes through the materiality and divine protective manifestation of a region and special people, considered separate and chosen. Faced with the possibility of remembering the Holy Land (and transposing its relics), the medieval Christian West recreated and readapted in its territory locations that would be recognized as sublime spaces, depositing special traces there, which could guarantee the exceptionality of the places. A long-lasting phenomenon, the transfer of bodies and objects has permeated the history of the Christian religion, since its beginnings. The promotion of cities and sanctuaries, guaranteed by the presence of the tactile divine, produced and solidified the cult of relics. The transfer of sacred remains constitutes important moments in the strengthening of this cult, pilgrimages, performances, rituals and symbols corroborate the emotionality of this movement. In this article we intend to discuss the transfer of holy relics as a long-lasting phenomenon, taking as a case study the solemn receipt of the Holy Relics, which were translated from the See of Coimbra to the Real Mosteyro of Santa Cruz and the trajectory of Saint Dulce dos Pobres, the first woman born in Brazil to be canonized by the Catholic Church, whose bodily remains were deposited in the Chapel of Relics, built for this purpose. This set of common memories is an identity factor, the product of a forged, constructed and gradually established tradition.
A posse de relíquias pode projetar simbolicamente um território como sagrado, protegido por Deus e por seus santos, através de algo táctil, visível, concreto, uma espiritualidade que passa pela materialidade e manifestação divina protetora de uma região e de um povo especial, considerado separado e escolhido. Diante da possibilidade de rememoração da Terra Santa (e de transposição de suas relíquias), o ocidente cristão medieval recriou e readaptou em seu território localidades que seriam reconhecidas como espaços sublimes, depositando aí vestígios especiais, que poderiam garantir a excepcionalidade dos lugares. Fenômeno de longa duração o traslado de corpos e objetos perpassa a história da religião cristã, desde seus primórdios. A promoção de cidades e santuários, garantida pela presença do divino táctil, produziu e solidificou o culto às relíquias. Os traslados dos restos sagrados se constituem em momentos importantes no fortalecimento deste culto, peregrinações, performances, rituais e símbolos corroboram para a emotividade deste movimento. Neste artigo temos a intenção de discutir o traslado das santas relíquias como um fenômeno de longa duração, tendo por estudo de caso o solenne recebimeto das Santas Reliquias, que forão leuadas da See de Coimbra, ao Real Mosteyro de Santa Cruz e a trajetória dos vestígios de Santa Dulce dos Pobres, a primeira mulher nascida no Brasil canonizada pela Igreja Católica, cujos restos corporais foram depositados na Capela das Relíquias, construída para este fim. Este conjunto de lembranças comuns é fator identitário, produto de uma tradição forjada, construída e gradativamente estabelecida.
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