A jangada de pedra é, como todos os romances saramaguianos, inseparável do compromisso do autor com ideias e causas, e é praticamente apenas a esta luz que a generalidade da crítica se tem referido a este livro. Dito de outro modo: não faltam referências a esta narrativa, mas escasseiam leituras sobre A jangada de pedra que articulem a relação entre o romance enquanto literatura, obra de linguagem e de imaginação, e enquanto projeto social e político. Com este artigo, proponho-me contribuir para a compreensão do modo como o ideário iberista de José Saramago, indissociável do seu pensamento político e humanista, está concretizado nesta narrativa em termos literários, sociopolíticos e filosóficos. Procuro, para isso, entender o significado antropológico, político e filosófico, em Saramago e neste romance, dos conceitos de utopia, distopia e eutopia, o que implica mostrar como aparecem literariamente concretizados em articulação com o pensamento iberista do autor.
A jangada de pedra is, like all of José Saramago’s romances, inseparable from the author’s commitment to ideas and causes, and it is almost only in this light that scholars have discussed the book. In other words, there is no lack of references to this book, but few readings of A jangada de pedra that articulate the relationship between the novel as literature, a work of language and imagination, and a social and political project. In this article I contribute to the understanding of how the Iberianist ideology of José Saramago, indissociable from his political and humanist ideas, is concretized in this narrative in literary, sociopolitical and philosophical terms. For this, I try to understand the anthropological, political and philosophical meaning, in Saramago and in this novel, of the concepts of utopia, dystopia and eutopia, which implies showing how they appear literarily materialized in conjunction with the author’s Iberist thoughts.
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