Um paraíso fragmentado: retratos das ilhas maravilhosas de São Tomé e Príncipe

• Magdalena Bialoborska Chambel ^[1]
  1. [1] Universidade de Lisboa

     Universidade de Lisboa

     Socorro, Portugal

     
• Localización: Cartas Diferentes: Revista Canaria de Patrimonio Documental, ISSN 1699-9037, Nº. 19, 2023, págs. 393-425
• Idioma: portugués
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    The wonderful islands of São Tomé and Príncipe, as they are often called, have been, and continue to be, a meeting point for people of various or- igins. This small country, located in the Atlantic and crossed by the imaginary equatorial line, is covered by an exuberant vegetation. In spite of various transfor- mations that have taken place over the centuries —when the territory was used for sugar and, later, coffee cocoa plantations— it continues to amaze those who arrive there. In this article, I explore the issues of social and territorial change over an extended period, from the beginnings of recolonisation in the 19th century to the present day. Using various photographic records, I show how the islands and the people who inhabited them were recorded and what these images transmit about the archipelago. I present the multiplicity of visual sources, the result of the different origins of photographs and, consequently, the different purposes of these records. Through four examples of fragments of photographic records —two from the colonial period and two taken in the independent country— I demonstrate how the choices made in selecting what is presented serve to create the desired image of the islands. This analysis reveals a fragmented paradise, where the pieces are moved around according to a need, several of them removed from the plan, not even serving as a backdrop for the desired image of the wonderful islands.

  • português

    As ilhas maravilhosas de São Tomé e Príncipe, como frequentemente são designadas, foram, e continuam a ser, um ponto de encontro de pessoas de vá- rias origens. Este pequeno país, situado no Atlântico e atravessado pela imaginária linha do equador, possui uma vegetação exuberante, que – apesar de várias trans- formações que ocorreram ao longo dos séculos, quando o território foi utilizado para plantações de açúcar ou, mais tarde, café e cacau – continua a espantar quem lá chega. Neste artigo cruzo as questões de mudanças sociais e territoriais num pe- ríodo prolongado, desde os inícios da recolonização no século xix até à atualidade.

    Recorrendo a vários registos fotográficos, mostro como as ilhas e as pessoas que as habitavam foram registadas e o que estas imagens transmitem sobre o arquipélago.

    Apresento a multiplicidade das fontes visuais, resultado de diversas origens das fotografias e, consequentemente, de diferentes finalidades destes registos. Atra- vés de quatro exemplos de fragmentos de registos fotográficos —dois do período colonial e dois realizados em São Tomé e Príncipe independente— demonstro como as opções na seleção do que é apresentado servem para a criação da imagem desejada das ilhas. Esta exposição revela um paraíso fragmentado, onde as peças são movidas de acordo com as necessidades, várias delas retiradas do plano, não servindo sequer para o pano-de-fundo da imagem desejada das ilhas maravilhosas.