Márcio Antônio de Paiva, Ubiratan Nunes Moreira
A expressão “o Messias sou eu” aplica-se à relação ética como primeiro acontecer do messias. Subjetividade mesma do sujeito. Através de comentários rabínicos do Talmude, Lévinas traz uma hermenêutica que faz recurso à ética como proximidade e responsabilidade inalienável e insubstituível por outrem. Nesse sentido, as noções hebraicas de messianismo e dizer profético, lidas no midraxe da hermenêutica rabínica, permitem avançar na ideia da linguagem religiosa em seu sentido original: ética. Tais noções habitam uma ordem metafórica que permite ao pensamento desdizer-se e a querer dizer outramente. Nos comentários do Talmude não há lugar para o entusiasmo religioso ou para o arrebatamento de uma experiência mística, mas hermenêutica rigorosa e ininterrupta à procura de sentido que está sempre mais além. Tal maneira de ler a experiência religiosa abandona o sagrado numinoso para se chegar à transcendência como ética. Trata-se do pensamento marcado pela experiência do homem refém de todos os outros. Esse homem é necessário aos outros homens, visto que, sem ele, a moral não começaria em parte alguma. É homem messiânico contemporâneo, eleito e profético. Em Lévinas, o Messias sou eu.Palavras-chave: Hermenêutica. Religião. Ética. Messias. AbstractThe expression "I am the messiah" applies to the ethical relationship as the first task of the messiah: the subjectivity of the own subject. Through rabbinic commentaries from the Talmud, Levinas brings us a hermeneutic that understands ethics as proximity and responsibility, irreplaceable and inalienable by others. In this sense, the Hebrew notions of messianism and prophetic words, taken from the midrash within the rabbinic hermeneutics, allow us to advance on the idea of religious language in its original sense: ethics. Such notions are metaphors that take the thought to reveal itself in other ways. In the comments of the Talmud there is no place for religious enthusiasm or for any sort of rapture of mystical nature. But, there is indeed, a place for a rigorous hermeneutic that it is in permanent search for a kind of meaning that is always beyond. This way of understanding the religious experience leaves the sacred numinous and understands transcendence as ethics. In this sense the thought appears marked by the experience of the man who is seen as hostage to each other. This man is necessary to the other man, since without him the moral would never start anywhere. Within Levinas perspective, ‘I am’ this contemporary and elected messiah.Keywords: Hermeneutic. Religion. Etic. Messiah.
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