A proposta do presente trabalho é analisar desde uma perspectiva antropológica a decisão vocacional entre seminaristas catarinenses. O trabalho de campo através da “objetivação participante” foi desenvolvido no Seminário Filosófico de Santa Catarina, e ampliado para ex-seminaristas, estagiários e padres. Analisando discursos e práticas foi possível perceber como que o despertar da vocação e as decisões implicadas na caminhada vocacional estão relacionados às condições históricas, econômicas e sociais. O primeiro capítulo resgata a história da implantação das dioceses e seminários no Brasil, especificamente em Santa Catarina, possibilitando perceber como que a estrutura da Igreja Católica, em diálogo com as estruturas sociais, condiciona determinados tipos de recrutamento e de representações sobre a vocação sacerdotal. Considerando a multiplicação no número de padres nas últimas três décadas, buscou-se compreender algumas estratégias da Igreja para manter e reproduzir o corpo clerical, principalmente em relação ao papel da família, dos padres e dos coroinhas (amigos) no processo do despertar e do recrutamento para o seminário. O segundo capítulo explora como aspectos econômicos estão presentes durante o processo de formação dos seminaristas destacando a importância da família, paróquias, comunidades e madrinhas para manter financeiramente o candidato ao sacerdócio. A análise indica como que estes jovens se envolvem num sistema de trocas para manutenção financeira, aonde a dialética de “dar, receber e retribuir” é fundamental para a decisão (continuar ou sair) na caminhada vocacional. Por fim, o terceiro capítulo expõe como a experiência religiosa do sujeito subjaz às representações da vocação e possibilitam compreender a relação entre estruturas postas e a capacidade inventiva dos sujeitos envolvidos no processo de inculcação da vocação.
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