Genesco Alves De Sousa, José Alfredo Oliveira Debortoli, Gabriela Ferreira Curi
Nos cotidianos dos terreiros de candomblé, as festas públicas emergem como modos de ser de povos em constante processo de luta por existência e continuidade. Configuram-se, portanto, para além das representações, como forças e formas coletivas de preservação e transformação cultural de comunidades tradicionais no Brasil, permitindo vislumbrar inclusive outras possibilidades de acesso, participação, envolvimento e compreensão acerca dos legados culturais de matriz africana no país. Nesta perspectiva, as autodesignações elaboradas pelas próprias comunidades de terreiro são fundamentais, pois estão permeadas por noções que, dos pontos de vista conceitual e descritivo, contribuem para orientar as reflexões, enriquecer os debates e evidenciar a complexidade do assunto. Diante destas elaborações constatamos que o termo “terreiro” suscita enfoques e sentidos diversos. Por exemplo, como lugar onde se cultuam forças da natureza que são reverenciadas como divindades, enfoque por meio do qual percebemos que a dinâmica cotidiana está articulada, em termos de conhecimentos e práticas, com a noção de cultivo. Cultivo de forças que podem se transformar e assumir configurações distintas. Assim, neste artigo, reunimos reflexões resultantes de imersões etnográficas no universo do candomblé enquanto contexto cultural com capacidade de produzir entrelaçamentos de experiências culturais diversas, em que as noções de festa, corpo e arte adquirem múltiplos sentidos.
© 2001-2024 Fundación Dialnet · Todos los derechos reservados