Esse ensaio é reverberação do contato com imagens realizadas por crianças pequenas em situações escolares e se desenvolve em escritos que buscam apresentar estas imagens como potência para fazer emergir outros modos de experimentar o espaço. Nas entrelinhas da descrição destas “imagens infantes” e do modo delas virem a existir – a partir das mãos das crianças em suas experimentações no lugar-território – brotam perguntas sobre qual seria nosso modo de habitar a cidade – que cidade? – se tivéssemos o hábito de filmar e ver em estéticas semelhantes às destas filmagens. Atravessa o texto uma aposta, uma pergunta e um novo possível. A aposta: uma vez que uma de nossas formas privilegiadas de habitar a cidade é através das imagens que delas vemos e nelas produzimos, talvez uma maneira de retomarmos parte de nossa disposição criativa do viver urbano seja mirarmos a cidade através de imagens criadas à semelhança das imagens criadas por crianças pequenas em creches e escolas de educação infantil quando lhes são entregues câmeras de filmar. A pergunta: que pensamentos e sensações viriam nos habitar se e quando as cidades fossem filmadas por corpos onde a linguagem “ainda não está” (Fernand Deligny)? Um novo possível modo de pensar a cidade emerge do contato com o Fora acionado por imagens desfocadas, inidentificáveis, táteis realizadas “para nada” (Fernand Deligny), podendo-se dizer que a potência dessas imagens está, em grande medida, no fato delas serem restos, o que sobra da relação criança-câmera-território.
This essay is a reverberation of the contact with images performed by young children in school environment and developed in writings which seek to show these images as potency to make other ways of experience in space emerge. Between the lines of the description of these "infant images" and how they come to exist – from the hands of the children in their experimentation in the place-territory – questions arise on what would be our way of inhabiting the city – which city? – if we had the habit of shooting and seeing in similar a esthetics to those of these shootings. The text is crossed by a bet, a question and a new possible. The bet: since one of our privileged ways of inhabiting the city is through the images in which we see and produce, perhaps one way to retake part of our creative disposition of urban living is to look at the city through images created in the likeness of the one screated by young children in day care centers and kindergartens when they are given camcorders. The question: what thought sand feelings would come to us if and when cities were filmed by bodies where language " is not yet" (Fernand Deligny)? A new possible way to think the city emerges from the contact with the Outside openned by blurred, unidentifiable, tactile images accomplished "for nothing" (Fernand Deligny), it can besaid that the potency of these images is, to a certain extent, in the fact that they are residues, whatever remain sof the child-camera-territory relationship.
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