Socorro, Portugal
Nas suas conferências sobre a filosofia da natureza, Maurice Merleau‑Ponty interpreta a noção de Umwelt de Jakob von Uexküll como semelhante a uma melodia. Este ensaio descreve a perspetiva de von Uexküll sobre a possibilidade de traduzir elementos não acústicos (ópticos: cores, formas e figuras; hápticos: texturas tácteis, sabores, gostos e aromas) em sons ou notas musicais para compor uma melodia. Coloca várias questões: A ligação entre melodia e natureza torna as entidades naturais em notas musicais? Os componentes de uma entidade constituem notas anatómicas na melodia que define a própria entidade? É concebível destilar cada momento da vida num símbolo de “nota” numa escala musical, caracterizado por uma duração, altura e volume específicos? A melodia, o ritmo e a harmonia são considerados “estruturas” sofisticadas que articulam e transmitem a essência da existência da natureza. Além disso, todo o ser humano, todo o ser vivo, seja ele animal ou vegetal, possui uma interioridade subjectiva “biológica”. O reino interior de cada sujeito vivo, juntamente com os objectos do mundo exterior, está envolto numa atmosfera – um Umwelt musical. O ser humano existe dentro deste meio ou atmosfera musical.
In his lectures on the philosophy of nature, Maurice Merleau-Ponty interprets Jakob von Uexküll’s notion of Umwelt as akin to a melody. This essay outlines von Uexküll’s perspective on the feasibility of translating non-acoustic elements (optical: colours, shapes, and figures; haptic: tactile textures, flavours, tastes, and scents) into sounds or musical notes to compose a melody. It poses several inquiries: Does the link between melody and nature render natural entities as musical notes? Do the components of an entity constitute anatomical notes in the melody that defines the entity itself? Is it conceivable to distil every moment in life into a “note” symbol on a musical scale, characterised by specific duration, pitch, and volume? Melody, rhythm, and harmony are considered sophisticated “structures” that articulate and convey the essence of nature’s existence. Moreover, every human, every living creature, be it animal or plant, possesses a subjective “biological” interiority. The inner realm of each living subject, along with the objects in the external world, are enveloped within an atmosphere—a musical Umwelt. Humans exist within this musical milieu or atmosphere.
© 2001-2024 Fundación Dialnet · Todos los derechos reservados