Claudinei Aparecido de Freitas da Silva
Foucault inscribes phenomenology in a movement of deconstruction of rationality. This registration will be operated archaeologically in The Order of Things as a sign of a radical subversion coming to light through “modernity,” in frank opposition to “classical age” culture in the West, having as a background something that is revealed beneath the cogito: the “un-thought.” What emerges here is the deepest dimension of reason and epistémê, i.e., the subterranean layer in which the event and historicity operate under the surface of knowledge. It is this new figure that enters the scene, for example, in different discourses such as “alienation” (Marxism), “unconscious” (psychoanalysis), or “unreflective” (phenomenology). Concerning the phenomenological tradition, the admission of Lebenswelt (Husserl), Dasein (Heidegger), the pre-reflexive cogito (Sartre), or Flesh (Merleau-Ponty), the “unthought” transfigures the privileged region in which thought always returns. While it is patent that Foucault circumscribes this operation as a position of principle to be surpassed, it is still plausible how much he seems to seal a sort of “alliance distance” with the phenomenological spirit. The “return to the things themselves,” in Foucault’s terms, invests it with another statute, releasing history from all teleological premises, as a return to the heart of the present. It is this task that allows, in some respects, situating the work of Foucault next to Merleau-Ponty, in the style of a marginal reflection, “transgressor,” opening therefore a shadow zone, “unthought” in his last infrastructure. Such is the interpretive “station” to be here pursued.
Foucault inscreve a fenomenologia num movimento de desconstrução da racionalidade. Esse registro será arqueologicamente operado em As Palavras e as Coisas como signo de uma subversão radical vinda a lume pela “modernidade” em franca oposição à “idade clássica” da cultura no Ocidente, tendo como pano de fundo algo que se revela aquém do cogito: o “impensado”. O que emerge, aqui, é a dimensão mais profunda da razão e da epistémê, ou seja, a camada subterrânea pela qual o acontecimento e a historicidade operam sob a superfície do saber. É essa nova figura que entra em cena, por exemplo, via diferentes discursos como a “alienação” (marxismo), o “inconsciente” (psicanálise) ou o “irrefletido” (fenomenologia). No tocante à tradição fenomenológica, a admissão da Lebenswelt (Husserl), do Dasein (Heidegger), do cogito pré-reflexivo (Sartre) ou da Carne (Merleau-Ponty), o “impensado” transfigura a região privilegiada pela qual o pensamento sempre retorna. Ora, se é patente que Foucault circunscreve essa operação como uma posição de princípio a ser superada, não deixa, contudo, de ser plausível o quanto ele parece selar uma espécie de “aliança à distância” com o espírito fenomenológico. O “retorno às coisas mesmas”, em termos foucaultianos, investe-se de outro estatuto, liberando a história de todo pressuposto teleológico, num regresso ao coração do presente. É esse agenciamento que permite, sob certos aspectos, situar a obra de Foucault próxima a de Merleau-Ponty, à maneira de uma reflexão marginal, “transgressora”, abrindo, pois, uma zona de sombra, “impensada”, em sua infraestrutura última. Tal é a “paragem” interpretativa a ser, aqui, perseguida.
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