Este ensaio tem como objetivo refletir sobre a linguagem popular, entendida como um campo de luta pela hegemonia político-cultural. A partir de uma perspectiva teórica de inspiração gramsciana, analisa-se um episódio de grande repercussão mundial, envolvendo um representante emblemático daquilo que se pode chamar de “monopólio da fala”: o locutor de programas esportivos da Rede Globo de televisão Galvão Bueno. Pretende-se mostrar que o procedimento típico da hegemonia dos grupos dirigentes é a reificação das formas culturais (G. Lukács), a criação de mitos (R. Barthes), a subordinação das falas populares ao discurso monológico oficial (M. Bakhtin). Mostra-se, em contrapartida, que a organização de uma cultura contra-hegemônica envolve esforço de “desnaturalização”, de historização daquilo que se impõe, ideologicamente, como uma verdade eterna. Nessa perspectiva, Busca-se identificar, na resistência popular ao discurso da grande mídia, uma fala carnavalizante que zomba da ordem dominante e das idéias cristalizadas.
© 2001-2024 Fundación Dialnet · Todos los derechos reservados