Brasil
A corporação médica tem sua autoridade para a autorregulação profissional subscrita pelo Estado e vem contribuindo ao longo da história por meio de seus enunciados cientificamente fundamentados que conferem racionalidade às intervenções do Estado no campo da saúde. No Brasil, durante a pandemia de COVID-19, houve uma sólida associação de extrema direita entre a governança estatal e a governança médica que deu suporte a uma política de enfrentamento da pandemia baseada em negacionismo científico, uso off-label de medicamentos ineficazes e desqualificação de medidas preventivas, tendo esta sido responsável por grande parte das mais de 700 mil mortes ocorridas no país. O presente artigo examina o fenômeno da interação dessas duas formas de governança no contexto de um neoliberalismo autoritário protofascista e busca refletir sobre os necessários limites à autonomia médica em todos os seus níveis.
Medical corporations have secured their authority for professional self-regulation from the State and have responded throughout history by way of their scientifically grounded statements which confer rationality to State interventions in the field of health. During the pandemic in Brazil, there was a solid right-wing association between state governance and medical governance that supported a policy to address the pandemic based on scientific denialism, off-label use of ineffective drugs, and the disregard of certain preventive measures, which together were responsible for most of the more than 700,000 deaths that occurred in the country. This article examines the phenomenon of the interaction of these two forms of governance in a context of authoritarian neoliberalism and thus seeks to reflect on the necessary limits to medical autonomy at all its levels.
La corporation médicale a son autorité d’autorégulation professionnelle souscrite par l’État et a contribué tout au long de l’histoire, par ses déclarations scientifiquement fondées, à donner une rationalité aux interventions de l’État dans le domaine de la santé. Au Brésil, pendant la pandémie de COVID-19, une solide association d’extrême droite entre la gouvernance de l’État et la gouvernance médicale a existé, qui soutenait une politique de lutte contre la pandémie basée sur le déni scientifique, l’utilisation hors AMM (autorisation de mise sur le marché) de médicaments inefficaces et la disqualification de mesures préventives, qui a été responsable d’une grande partie des plus de 700 mille décès survenus dans le pays. Cet article examine le phénomène de l’interaction de ces deux formes de gouvernance dans le contexte d’un néolibéralisme autoritaire proto-fasciste et cherche à réfléchir sur les limites nécessaires à l’autonomie médicale à tous ses niveaux.
© 2001-2025 Fundación Dialnet · Todos los derechos reservados