Este artigo busca aproximar o conceito de Turismo Rural Comunitário (TRC) com os debates sobre produção, comercialização e consumo de alimentos com base na agricultura familiar, a agroecologia e os sistemas de economia solidária ora implicados nestes processos. O TRC é relativamente nova enquanto prática ou mesmo, enquanto uma estrutura ou proposta de turismo (e de desenvolvimento local sustentável). Também, as aproximações teóricas e as análises sobre o tema são relativamente recentes. É uma forma de turismo entendida muitas vezes como alternativa ao sistema convencional de turismo, ou talvez, de viagens organizadas, que envolve consumidores (urbanos, em sua maioria), produtores rurais e, em grande medida, mediadores sociais. Ainda que ‘a viagem’ seja composta de elementos em relações complexas, o artigo enfatiza os aspectos relacionados com a produção e reprodução de cadeias agroalimentares vinculadas e geradas pela agricultura familiar e agroecológica. Assumo duas posições iniciais: que a existência de cenários contemporâneos favoráveis a viagens mais dirigidas a espaços naturais, a comunidades e seus processos, e somando-se a isso, a disposição de famílias rurais de receberem visitantes em suas casas contribui para que locais qualifiquem-se como plurais, criativos e atrativos também aos seus moradores (à comunidade de um local ou território); e que o turismo contém em si uma ideia hegemônica, mais a ver com necessidades de mercado que com demandas sociais. Desta forma, diversos conflitos surgem da demanda pelo consumo por esses produtos constituídos de subjetividades e recursos estéticos: costumes, patrimônios materiais e imateriais, paisagens naturais e culturais. Que relações sociopolíticas se estabelecem com o Turismo Rural Comunitário? Que contribuições esta modalidade de turismo pode dar para a sustentação de cadeias agroalimentares baseadas na agricultura familiar e na agroecologia? O artigo revisa conceitos e trajetórias, a partir da formação em Turismo e em Desenvolvimento Rural da autora e de sua a vivência no Brasil e na Argentina, e busca ser um passo à frente em relação a futuros estudos em profundidade.
There is an increasing interest in the relationship between rural and community tourism with family and agroecological agri-food chains. This article aims to approach concepts and practices in Rural and Community Tourism with solidarity economy. . From the perspective of economic sociology, groups of ecological farmers organized for production and commercialization were studied as social actors with different logicsto carry out their practices and social reproduction. I then present provocations for reflections and debates that subsidize the deepening of these inflections. What socio-political relations are established with tourism through the consumption perspective? What contributions can rural and community tourism provide for the support of agro-food chains based on family agriculture and agroecology, and also for the strengthening of rural communities? From that moment on, conventional tourism with more consumerist and colonizing characteristics is confronted with an articulated community to use tourism as a tool to fix its territory and reproduce its ways of life (in other words, as a resistance tool). Conflicts of various orders may arise.
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